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Resenha: A Mágica da Arrumação visto da ótica de uma organizadora profissional

segunda-feira, 07 de março de 2016

Fonte: Kalinka Carvalho

 

Esse é um post que preparei com muito carinho e será o início de uma série de posts com resenhas de livros de organizaçāo, decoraçāo, limpeza e auto-ajuda. Espero poder assim estimular meu hábito de leitura e ao mesmo tempo compartilhar meus aprendizados e opiniões com meus leitores.

 

Aviso: Esse post contém spollers do livro.

 

Logo que o livro foi lançado ele gerou muita polêmica, dividindo opiniões positivas e negativas. Ele se tornou um best-seller e trechos dele foram divulgados em jornais, revistas, televisāo, posts de blogs, etc. Na época escrevi sobre o assunto no post: 10 mandamentos para organizar a vida,  mas confesso nāo ter lido o livro. Depois senti a necessidade de ler e ver o que realmente ele tinha de diferente, a respeito da organização, que eu nāo sabia.

A autora do livro é Marie Kondo e nela ela revela seu método “revolucionário” de organizaçāo: KonMari. Sim para os leigos no assunto pode ser um método diferente, mas para um (a) organizador profissional, ou como estamos mais habituados a chamar personal organizer muitas coisas já eram e são praticadas.  Vamos falar um pouco mais sobre o conteúdo do livro e sua relação ao mercado de organizaçāo já existente aqui no Brasil. 

Tive que ler e reler o livro algumas vezes para não ser injusta e agora escrevo a minha sincera opinião. Concordando ou discordando, espero que entendam e acredito que tenham opiniões parecidas ou diferentes da minha e acho isso super normal e saudável. Respeito assim a opinião de cada um.

 

Eu começo discordando no título traduzido: Marie Kondo a mágica da arrumaçāo deveria ser: a mágica da organizaçāo. Arrumar é diferente de organizar, veja o post onde explico as diferenças. Resumindo, a arrumação fica bonito e agradável e a organização é funcional e prática. Podemos sim conciliar as duas sem problemas, mas o foco do livro é organizar e nāo arrumar. 

 

Ela diz ter criado um método, mas muitas das coisas que ela diz já sāo aplicadas por profissionais de organizaçāo aqui no Brasil, ou pelo menos deveriam. Entendo assim que ela apenas unificou algumas técnicas e colocou em seu livro. O mais importante é que ela fala do processo com significado, que deve ser iniciado de dentro para fora e nāo de fora para dentro. Se você nāo se conscientizar de que precisa e quer se organizar, de nada valerá a organização externa.

Fonte: Blog Ale Garattoni

 

Sobre alguns dos conselhos que ela dá no livro:

Organizar é fácil e que compreende duas tarefas: escolher conscientemente o que será mantido e definir um lugar específico para casa coisa”, segundo Marie. Nāo sei se é somente para mim, mas isso é meio óbvio. Um dos princípios da organizaçāo e ter um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. Outro princípio e ter somente aquilo que se usa realmente. Sendo assim para mim elas apenas simplificou dois dos principais princípios da organização.

 “O melhor lugar para guardar sua bolsa e dentro de outra bolsa”. Eu discordo disso, pois outro princípio da organizaçāo é você visualizar tudo que possui, mas já diz o ditado só é lembrado aquilo que é visto, ou seja, se guardamos uma bolsa dentro da outra acabamos esquecendo de usá-la no dia a dia. Mas compreendo que talvez essa seja uma alternativa para espaços muito reduzidos. E como na organização nāo há regras isso é super viável. Ou seja, existe aquilo que funciona para você.

Nāo compre produtos especiais para organização. A ideia é diminuir a quantidade de itens da casa e não comprar mais.” Nesse conselho eu fico dividida, pois penso da seguinte maneira: não ter produtos organizadores não é desculpa para a desorganização, mas eles são uma excelente ferramenta para ajudar. Gosto muito de reutilizar materiais, ou seja, reciclá-los e fazer organizadores. Defendo muito a ideia de usar o que já possuímos para organizar, mas para aqueles que não tem habilidade adquirir produtos organizadores é necessário para se manter a organização. Quando comecei como organizadora profissional a quantidade de produtos organizadores era mínima e agora vemos muito tipos, cores e funcionalidades, sendo assim é questão de escolha.

“Guarde os objetos porque gosta deles, e nāo porque sim”. Nesse conselho eu concordo plenamente. Devemos ter objetos que usemos e que nos fazem bem, não simplesmente por tê-los ou por que um dia pretendemos usar.

No prefácio ela fala: “todo mundo já passou pela experiência de arrumar tudo e depois ver seu trabalho ir por água abaixo”. Descobri logo no início o problema, se as pessoas arrumarem ao invés de organizarem já fizeram errado, pois são coisas diferentes como citei acima.

Acredito fielmente, assim como a Marie Kondo, que a organização pode transformar vida e pessoas, mas não radicalmente, acredito que a organização é um processo e deve ser contínuo. Uma casa organizada faz com que as pessoas tenham mais tempo para refletir em sua vida e consequentemente analisá-la melhor. Você consegue perceber quais são suas prioridades, o que te faz feliz e o que pode ser feito. Essa é uma premissa em minha vida: mostrar as pessoas como organizar pode ser divertido e produtivo.

Em uma parte do livro ela relata que ao perguntar aos seus ex-alunos como estāo indo, quase todos relatam que sua casa e seu escritório nāo apenas permanecem arrumados, como estão em constante melhoria. Vejo assim que quando Marie Kondo fala que uma vez arrumado você nāo precisará mais arrumar ela entra em contradição, pois se eles estão em constante melhoria o processo ainda continua e acredito muito nisso que sempre podemos melhorar, conhecer ferramentas, métodos diferentes que tornarão a vida mais fácil e funcional.

Ela diz que poucos felizardos possuem uma facilidade natural para a organização, acredito que seja uma dessas pessoas, pois a ela me encanta. Mesmo assim sempre estou aprendendo coisas novas. Existem pessoa que não tem um perfil organizado, mas ela pode aplicar algumas ferramentas que a ajudem a ter um grau de organização que poderá facilitar a sua vida.

O livro relata que o Método KonMari é um guia que ensina as pessoas a se tornarem organizadas. Não acho que isso seja possível, pois digo e repito organização é um processo, você não se torna organizado do dia para a noite. É necessário conhecer ferramentas, testá-las e assim ver o que realmente funciona para você.

Em uma parte do livro ela diz que a arrumação depende dos valores pessoais e concordo em número, gênero e grau. Somos pessoas diferentes, com costumes diferentes, princípios, estilos diferentes e tudo isso deve ser levado em conta no processo de organização.

O que mais me incomoda do livro é o radicalismo de deixar tudo organizado em um único momento. Acredito fielmente que organizar é um processo que deve ser tornar uma hábito assim ficará tudo mais fácil. Não acho que deva descartar um único item apenas por dia, mas sim eliminar aqueles que não usa, não te fazem se sentir bem e que não tem importância.

Fonte: Uol

 

Ela relata no livro a dificuldade das pessoas de encontrarem o lugar certo para cada coisa. Eu penso que para algumas pode ser fácil decidir e para outras mais complicado. Por isso defendo que organização é um processo, se guardei algo em algum lugar e depois verifiquei que não era o melhor lugar, porque não mudar, porque não escolher outro lugar, porque não testar? Ela diz que faz uma ou duas arrumações por ano, ou seja, ela continua o processo para manter, chamo isso de manutenção, ela é essencial na organização.

No livro ela menciona sobre descobrir seu estilo de vida, acho lindo isso, mas tudo isso requer tempo, fazer um processo de autoconhecimento, e não é feito de uma dia para o outro. Sabendo suas prioridade, fica muito mais fácil saber o que pode ou não ser descartado. Quando ela fala de segurar a peça na mão, de sentir a alegria. Penso que a pessoa pode por exemplo vestir a roupa e ver se fica bonita nela, se ainda serve, esse simples ato pode lhe responder se deve ficar ou não com a roupa. Nos apegamos a muitas coisas que não representam e nem acrescentam em nada em nossa vida.

A Marie é muito feliz quando diz para começarmos o descarte pelas coisas que tem menos importância, isso já era uma prática minha com minhas clientes. Ela sugere a seguinte sequência: roupas, livros, papelada, itens variados, presente e lembranças.

Ela fala para não deixar a família ver, eu discordo muito disso, pois se está organizado uma casa em que várias pessoas vivem é necessário que todos ajudem e criem um ambiente organizado para todos e não apenas para uma das pessoas.

Uma técnica que ela utiliza é  a de esconder algumas peças no fundo do armário e jogar fora se ninguém percebesse o sumiço, acho isso errado. Em hipótese nenhuma tenho o direito de descartar algo que não é meu, é questão de ética e confiança com o meu cliente. Posso sim ajudá-lo a perceber se deve ou não ficar com aquele objeto. Ainda bem que depois ela admite que foi falta de bom senso (rs)

Ela fala de não colocar música para organizar pois precisa refletir. Discordo mais uma vez acho que devemos colocar músicas animadas que estimulem o processo de organização e elevem nossa autoestima, assim faremos com prazer e de maneira divertida.

Ela faz um reflexão muito legal sobre como saber o que descartar: Procure entender o motivo pelo qual tem aquele objeto? Quando adquiriu? O que representou na época? Faço pergunto chaves como essas aos meus clientes.

Eu simplesmente amei e me identifiquei quando ela diz que arrumar a casa é divertido. Na verdade para mim tudo que envolve a organização é divertido, e esse é meu propósito de vida mostrar para as pessoas como organização pode trazer mais qualidade de vida para as pessoas.

Achei muito interessante o método sobre deixar as roupas como se fosse livros, mas essa técnica é conhecida como arquivo, temos ainda outro modo que é o cascata, mas tudo vai depender do perfil do meu cliente e do espaço que ele tem para organizar aquele objeto. Ela gosta muito de usar a técnica de organizar verticalmente e usar caixas de sapato, mas isso nāo é regra é apenas uma opção.

Fonte: Blog Tinha que Ser

 

Nas dobras que ela faz nāo vejo nenhum segredo, o princípio é sempre transformar as peças em 4 lados iguais (quadrado ou retângulo) para fazer um armazenamento correto. Algumas peças podem ser enroladas ou penduradas tudo vai depender do espaço que tenho e do perfil da pessoa.  Outra coisa que concordo com a Marie de que nāo existe roupa de estação, eu pelo menos moro em Sāo Paulo e aqui tem as 4 estações no mesmo dia, mas essa é uma forma de se ter um rodízio de roupas e realmente usarmos tudo que temos.

Depois de organizar as roupas, Marie recomenda organizar os livros, depois a papelada. Não sei se a tradução foi feita de maneira discordenada, mas ela fala que a papelada não precisa de categorizada, mas depois diz que deve ser subdivididas em 2 partes: o que devem ser guardados e do uso frequente. Na verdade essa subdivisão já é uma categorização. Ela fala que manuais devem ser jogados fora e diz que a organizaçāo deva continuar com os livros, cds, dvds, produtos de beleza para a pele, maquiagem, acessórios, equipamentos eletrônicos, utilidades da casa, remédios, descartáveis, objetos sentimentais e fotografias.

Ela fala sobre um suporte giratório que encontrou certa vez em uma cliente e transformou em um organizador. Sim o profissional de organização adquiri essa habilidade com o tempo e transforma objetos do dia a dia em organizadores, aqui no blog tem o faça você mesmo.  

Ela discorda de ter as coisas a altura das māos e acha que nāo devemos considerar a frequência de uso para definir os espaços. Discordo total dela. Primeiro a frequência de uso do objetos é essencial para definirmos o local correto daquele objeto. Ela também acha um absurdo dividir os objetos por uso diariamente, uso 3x por semana, mensalmente, semestralmente ou anualmente. O que entendo é que ela diz isso para nāo complicar, mas em alguns casos isso é importante. 

No último capitulo do livro ela fala sobre o descarte que é o primeiro passo da organização, se quiser conferir os passos da organização tem post aqui no blog sobre o assunto.

 

Segue agora os meus 10 mandamentos da organização:

  1. Arrumar é diferente de organizar
  2. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar
  3. O que nāo é visto nāo é lembrado
  4. Ter somente o que usa
  5. Produtos organizadores nāo sāo essenciais, mas auxiliam a manter a organização
  6. Organização é um processo
  7. Organizar é deixar a vida mais funcional
  8. Nāo existe regra na organização, existe o que funciona para você
  9. Com organizaçāo você consegue ter tempo para aproveitar com qualidade de vida
  10. Organizar é vida e felicidade 

 

Conclusāo:

Acho que as discordâncias por mim apresentadas podem ter haver como a traduçāo do livro, ou até mesmo pela cultura japonesa. O destralhamento radical falado por ela no livro é porque no Japāo as pessoas moram em lugares pequenos. E o ato de agradecer por ter as coisas faz parte da filosofia budista e xintoista do país. Ou seja, a cultura, a personalidade, o ambiente, tudo isso interfere no processo da organização. E vou terminar com uma frase da Marie: “Se você aprender a escolher seus pertences adequadamente, ficará apenas com o volume que cabe perfeitamente na sua casa, nāo importa  o tamanho que ela tenha”.

 

Agradeço se coraçāo a Marie Kondo, pois ela ajudou a divulgar o trabalho do organizador profissional. Muitas pessoas ainda nāo sabem que esta profissāo existe e tentam se organizar sozinhos e se frustam ao nāo conseguir, mas saiba que se você nāo consegue pode pedir ajuda. O personal organizer pode te ajudar a dar os primeiros passos para uma vida mais organizada e com propósito. Eu e a Mari temos duas coisas em comum, estamos na faixa dos 30 anos e amamos organizar e ajudar as pessoas.

 

 

 

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